Deverei assumir a inconsequência e o risco dos meus sonhos e projetos coloridos, ou deixar que esmaguem no meu peito a gostosura das paixões enlouquecidas?
Devo permitir que as vontades puras que tenho em mim sejam cada vez mais satisfeitas, ou submeter meu coração apaixonado às regras neuróticas de outros?
Assumo o compromisso com essa estética erótica que permeia toda a minha existência — e a torna melhor — ou devo aceitar essa volta ao passado, essa negação amargurada, ridícula, normalizante, precária; essa renúncia desajustada e caótica de um futuro brilhante que trago em mim?
Poderei continuar sendo um fogoso corcel negro em disparada, ou conseguirão eles (os moralistas, os conservadores, os donos da força bruta...) fazer com que morram, por perigosas, essas paixões que me libertam?
Saberei eu manter minhas dúvidas racionais enquanto caminho amorosamente por esta fascinante tempestade de desejos?
26.4.24
Tempestade de desejos
24.4.24
Não é fácil ser livre
A vida livre é muito arriscada.
A vida livre é uma delícia inesgotável,
mas é também muito insegura — e cheia de surpresas.
Cheia de danças perigosas, de buscas e mudanças,
de riscos e de voos, solavancos, desafios...
Só quem ama a liberdade sobre todas as coisas
é que pode ser livre de verdade.
Só quem dirige o próprio destino
é capaz de arriscar a vida para salvá-la.
Portanto, a liberdade não é pra qualquer um:
os covardes, os medrosos e os coitados,
os dependentes, os desanimados
e todos os que foram educados só pra obedecer
— estes jamais serão livres.
A liberdade é muito perigosa.
23.4.24
Vogelfrei
Em alemão, pardal é Vogelfrei — que quer dizer "pássaro livre". Mas, antes de continuar contando essa minha história, vou te cantar uma coisa muito importante. Existem, por aí, alguns pardais em gaiolas, mas não aqueles que são naturais: estes não se deixam prender. E ninguém sequer pensa em prendê-los. Os pardais engaiolados são aqueles que têm falsas plumagens — e é por isso que são pegos. Eles se mostram demais. Usam correntinhas no pescoço, braceletes, anéis de aço no dedo anular... E se esquecem de voar, pois pensam que as asas são apenas enfeites que devem ser colados ao próprio corpo. Esses se ferram, em todos os sentidos. E só se descobrem livres quando já estão engaiolados. Mas então já é tarde demais.
Sem exercício, a liberdade morre.
22.4.24
Eu mereço teu Desrespeito
Original escrito há quase doze anos, em 11.09.2012.
19.4.24
Meu Pai e os girassóis
Meu pai era racional demais, disciplinado demais, e ético demais. Dominava o cálculo, era íntimo dos números, ensinou-me a tabuada do 13 quando eu tinha sete anos. Quem não sabe a tabuada não vai longe, ele me dizia. Nasceu para o comando. Era dono de uma violência verbal impressionante — e nunca deixava pra depois as broncas que pudesse dar. Exagerado, tinha seus momentos de loucura: de vez em quando mandava fazer almoços festivos para crianças pobres. Era comum se reunirem duzentas ou trezentas em nosso restaurante. Absteve-se do jogo, não fumava, mas bebia um pouco mais do que eu supunha o certo. Com duas exceções, nunca o vi de fogo. Ele nunca nos disse que gostava de poesia, mas certa vez mandou que plantassem trezentos e sessenta pés de girassol no fundo do quintal da nossa casa. Depois que as plantas cresceram, ele ficava toda tarde um tempão lá no fundo, sentado num banquinho improvisado de madeira, sorrindo, encantado, tomando vinho vermelho — e olhando os girassóis girarem... Meu pai, portanto — e no fundo — talvez não fosse apenas um simples comerciante atarracado e ex-delegado de polícia. Talvez fosse um poeta. Pena que não teve tempo de ficar completamente louco: morreu aos 49, por erro de um médico que tinha a morte até no nome.
O vinho é feito de agulhas, meu copo um dedal. Costuro à mão pedaços da infância — com eles faço um lençol. Peço à Lorenna que me cante cantigas de natal da Idade Média, e ouço a Singer rangendo seus pedais no meu CD. Minha mãe também costurava com linhas de cor, pregava remendos bonitos, trocava meus botões, lavava roupas de amor. Vejo até sabão de cinzas no fogo forte que tanto me arde agora no rio do peito, espumas de lembranças incendiadas.
17.4.24
Vinhos e flores
Meu bisavô, aos sessenta e dois anos de idade, na década de trinta do século passado, abandonou tudo e apareceu por aqui trazendo no colo uma adolescente chamada Vitalina Maria de Jesus. Um despropósito, disseram todos. Mas o verdadeiro rebelde não hesita entre viver e morrer. O velho Luiz Marques, atolado numa estabilidade massacrante, não havia desistido de procurar aquela coisa que atende pelo singelo nome de felicidade.
Gastou janeiro fazendo planos, um mês inteiro ouvindo vozes, que nem Moisés. E aquela menina passando ali, na frente dele, feito convite, descalça, vestidinho de chita, cabelos soltos, meio ressabiada... Os peitinhos despontando. Então o fazendeiro abandonou tudo: as propriedades e as impropriedades que a elas se ligam, a esposa controladora, os filhos perplexos, as fazendas, as noras, os netinhos, os novilhos e as velhas emoções.
Tudo por causa de Vitalina.
Por aquela menina delicada ele daria o mundo. Por ela, e pelo que então simbolizava aquele amor, ele abandonou mais de mil cabeças de gado e todas as certezas que lhe haviam dado como herança. Era um autêntico rebelde: acabou trocando o futuro garantido e certo, porém morno, por um presente delicioso e faiscante.
Jogou fora o velho baú de premissas usadas, quebrou as algemas — e caiu na Vida. Trocou um milhão de verdades antigas por uma pequena mochila de sonhos. Porque, você sabe, não dá para salvar a alma sem antes salvar o corpo. E o que mais excita o ser humano é a possibilidade aberta de uma nova vida. O respeitável senhor Luiz Marques tomou aquelas decisões que só os grandes homens conseguem tomar: montou o cavalo negro do risco absoluto e partiu! Pois ele também já sabia que o único crime que não tem perdão é desperdiçar a vida. Abandonou tudo para não ter que abandonar a própria existência naqueles caminhos já percorridos.
Não fosse por isso, eu não estaria aqui, agora, à beira do mar, tomando um belo copo de vinho branco e contando essas coisas todas pra você.
Sou portanto bisneto da rebeldia.
Sou bisneto da rebeldia, neto da emoção, filho da loucura, irmão do desejo, primo do prazer, amigo da liberdade, e amante de todos os meus amores.
E existo, por incrível que pareça. No céu da minha boca não há fogos de artifício. Só estrelas.
O texto acima abre meu livro Manual da Separação. Caso queira saber mais, click na imagem da capa:
16.4.24
Os fundamentos de um sonho
14.4.24
Rotinas prazerosas
Viro uma festa.
Depois, medito com ajuda de Beethoven, como fosse um jogo. Faço café com amor e água benta, quase fervida na chaleira que ganhei de minha Mãe. Aprendo uma palavra nova numa língua diferente, e então me sento aqui, ao lado do segundo pé de lírio, pra te contar os meus sonhos.
Mais tarde, vou ver o mar azul do Guarujá — e caio no mundo...
É a vida!
12.4.24
O professor
Não basta falar das guerras, das batalhas, das conquistas — tem que ensinar o aluno a conquistar-se primeiro a si próprio. Ensinar-lhe medir distâncias é pouco — necessário vencê-las. Não basta saber o nome dos rios, temos que fluir. Equações algébricas não resolvem tudo, antes é preciso resolver-se. Em vez das mentiras históricas, o professor deve ensinar as verdades, e o melhor modo de encontrá-las.
Não basta falar de política, o professor tem que ser democrata. Deve olhar nos olhos do aluno e dizer-lhe como a vida é. Aumentar-lhe a coragem de crescer. Ensinar-lhe a lógica das emoções e o amor pelo raciocínio. O professor transmite sabedoria, incentiva o bom senso e o bom gosto. Mergulha fundo no oceano de dúvidas que o aluno tem no coração, e traz o tesouro pulsante lá submerso. Educa, orienta, aviva a chama na consciência de cada. Ao polir a pedra bruta consegue intenso brilhante. Bom professor é aquele que não exige, não cobra — obtém. Não corrige — mostra o porquê. Não hesita quando avalia, não constrange quando examina. E nunca faz da nota uma espada.
O bom professor não só ensina, compreende. Não levanta a voz, amplifica o verbo, convence. É sério — mas ri da própria seriedade. Fala do êxtase, da alegria e da profunda emoção que explode no seu peito quando ensina, como pétalas no riso de quem ama.
O professor mostra ao aluno a diferença entre o silogismo e a serpente. Ensina-o a extrair raiz quadrada com poesia. Demonstra como ser ousado sem ser burro. Jamais abusa da confiança do aluno, não lhe invade o espaço, não procura condicioná-lo. Não cria relações de dependência, nem exerce dominação sádica sobre ele. Infunde-lhe o respeito absoluto pela vida. Prefere o aluno criativo ao bem-comportado. Nunca o explora, é só o conquistador de um novo mundo, que leva o aluno a ver mais — mais alto e mais longe.
Não levanta paredes em torno do aluno, e sim derruba aquelas que houver. Abre-lhe as portas da vida, com veemência. Não o repreende, não o censura, não o recrimina. Mostra ao aluno a importância da inteligência na determinação do seu futuro. O velho dilema entre a caneta e a vassoura...
Como Sócrates, o bom professor não vê glórias no que sabe, não esconde o que conhece, nem oculta o que possa não saber. Brinca, tem confiança em si, e não faz da escola uma cela.
Moderno, convence o aluno a saltar os muros da tradição, porque a aventura está sempre do outro lado. Lógico, respeita aquele que aprendeu a questionar. Não o sufoca com preconceitos nem com juízos de valor. Nem lhe causa medo algum. Transmite confiança, pega na mão, aplaude, incentiva, suporta, conduz, ampara na travessia. Não é hipócrita, faz o que diz e diz o que pensa. É um farol que não vela o que descobre. Mostra um caminho. E não apenas mostra — demonstra, comprova, define.
Aranha em teia de luz, o professor não prende — liberta. Carrega o giz como fosse uma flor, com amor. E quando faz a linha tem firmeza, mas não separa. Ora Dali, ora Picasso, vai colocando a tinta, pondo seu traço, amando seu gesto, compondo a canção. Enaltece o risco do sonho, o círculo do fogo, a pureza da alma, o princípio da vida, o anel da esperança.
Considera o aluno obra de arte quase inacabada. Ama-o como se fosse um anjo. E nunca vai matar-lhe no peito a vontade de ser livre.
O professor é o amigo sincero que ajuda o aluno a superar os limites da vida, desbravando com determinação e ousadia essa fantástica região chamada Experiência.
Enfim — o professor é o Mestre.
www.EdsonMarques.com
10.4.24
Vaso de lírios
🔴
Escrito em 09.04.2013.
9.4.24
Respeitar os amores
8.4.24
Sete personagens à procura de Mim
1. A trajetória da minha vida nem sempre coincide com a trajetória dos meus sonhos. Mas eu vivo procurando juntá-las.
2. Todo poeta é gerado com orgasmo. Aliás, "Espírito Santo" é a melhor metáfora para Orgasmo que alguém já conseguiu imaginar.
3. Comer o pão que o diabo amassou é um horror. Mas, muito pior, é amassar o pão pro diabo comer.
4. Acho impossível ter duas vezes a mesma tesão pela mesma pessoa numa única vida.
5. O amor é um alimento perecível. Às vezes, para que não apodreça, tem que ser guardado no freezer.
6. Que vontade de comer de novo aquela flor de abóbora à espanhola, feita por minha mãe!
7. Não adianta viver atrás do Sonho. Muitas vezes, é preciso ir à frente dele.
8. A palavra Google está contida em "George Orwell"...
9. Não é fácil ser aventureiro... Primeiro jogar o coração no abismo — e só depois saltar atrás dele. Não é fácil.
10. O casamento só viceja em catacumbas.
11. Existem três tipos de amor: o da mãe por seu filho, o do homem pelas mentiras, e o meu por você.
12. O excesso, a excentricidade e os milagres: nós temos essas três coisas, incomuns.
13. Minha Mãe queria que eu fosse um filho pródigo. Meu Pai, um filho prodígio. Para não desrespeitá-los, tive que ser ambos, simultaneamente.
14. Por que não fiz vasectomia? Ora, porque um dia ainda posso ter um filho, cujo nome será Lúcifer Marques. E, se for menina, espero que a mãe concorde com o nome que já escolhi: Estrela Viva Marques de Alguma Coisa.
15. Claro que me arrependo de um monte de coisas que já fiz. É preciso ser imbecil completo para não se arrepender de nada.
16. Meus cinco maiores sentidos são os meus cinco maiores amores.
17. Jesus, ao defender Madalena naquela maravilhosa cena do apedrejamento: "Que atire a primeira pedra aquele que ainda não a pegou".
18. Jesus deve ser sempre respeitado. Eu o respeito ao meu modo. E se isso não te agrada, é uma pena.
19. O amor é uma curva.
20. Eu tinha um cavalo chamado Estrela.
21. Segundo a OMS - Organização Mundial da Saúde, a adolescência começa aos dez anos. A minha começou aos sete. Em quase todos os sentidos: eu já trabalhava no armazém do meu pai, somava as contas de cabeça, comia pão sovado o dia inteiro, e nunca roubei no peso. Ah, eu também já amava Marina, em todos os sentidos...
22. Eu procuro nascer de novo em todos os lugares onde sou estrangeiro.
23. Minha Mãe até hoje não entende muito bem por que, no dia em que eu nasci, chegaram à nossa casa aqueles três desconhecidos trazendo ouro, incenso e mirra.
24. Acabo de ligar pra Joyce Ann em São Paulo. Ela está escrevendo um livro cujo título é "Coração Diamante".
25. Às vezes, uma pergunta simples pode exigir uma resposta complexa.
26. O caminho que eu tomei, eu não sei onde vai dar. Só sei que é meu e livre.
27. Rosângela publicou hoje a minha frase:
"Quero ser livre, meu Amor: arranca-me de dentro de ti."
28. Por que quase parei de escrever "The Master of Jesus"? Será que devo transformar em peça? Ligar pro Abujamra. Tenho que terminar a peça pra ele!
29. Tem dias que altero Paulo Leminski, outros altero Fernando Pessoa. Quem sou eu para deixá-los sozinhos?
30. Que me desculpem o narcisismo, mas às vezes eu preciso falar de Mim na primeira pessoa.
31. Musa não tem sobrenome.
32. Jesus era um garoto judeu travesso que só ele. Com seis anos quebrou a moringa, e teve que trazer água nos panos da camisa. Milagre ou metáfora? Ou esperteza de criança: torceu a camisa no pote...
33. A liberdade deve ser conjugada e não adjetivada.
34. Minha loucura é crística.
35. Navalha de Occam. A explicação mais simples para o mesmo problema? Estudar também o Princípio do Duplo Efeito.
36. Suzana tinha o cheiro de jasmim florescendo em noites de luar.
/////
Essas coisas eu as escrevi em 01.02.2008, entre 13h e 16h, enquanto almoçava num restaurante nordestino, o Pedra Baiana. Mostra um pouco do meu processo criativo. São idéias que anoto, como surgem. Não alterei nada: só as transcrevi, numerando-as. Embora possam ser refinadas mais tarde, algumas jamais serão publicadas. Foram escritas nas páginas iniciais do livro "Vida", do Paulo Leminski, que eu estava lendo. Parte delas irá para o livro The Master of Jesus, que escrevo em parceria com Paritosh. Quando o vinho acabou, tomei dois cafezinhos e voltei pra ver as obras do Brasil Colonial.
Ressalva em benefício da minha sanidade (ou da minha Loucura): certas frases serão ditas por personagens do meu livro "The Master of Jesus".
A frase número 11 é quase toda de James Joyce. Ele disse que "só existem dois tipos de amor: o da mãe por seu filho, e o do homem pelas mentiras". Não concordo, mas é uma frase de efeito. Também por isso, acrescentei o terceiro tipo.
Certas anotações são de agenda, mas resolvi mantê-las na ordem em que foram escritas.
5.4.24
A criança
3.4.24
Momentos de cetim
31.3.24
Aniversário da Mãe
Essa foto foi feita há 13 anos. Logo, ela está hoje cerca de 19,75% mais velha. Mas continua saudável, sorridente, bem-humorada. Aliás, eu nunca vi minha Mãe triste. Sempre cantando, sempre alegre, agitando as circunstâncias. Nunca brigamos, eu e ela. Nenhum tapinha, nenhum puxão de orelhas, nenhum grito. Nós dois sempre nos compreendemos um ao outro. Como sou-lhe o primogênito e (suponho) ainda o preferido, há toda uma mitologia em torno disso... rs! Acho que até Einstein explicaria melhor do que Freud essa nossa maravilhosa relação de Amor.
(*) Texto escrito em 02.01.2013.
29.3.24
A Nova Páscoa
28.3.24
Os gatos da Casa Azul
26.3.24
Dois caminhos
24.3.24
Reconciliação. Ou não.
21.3.24
A nova Vida
19.3.24
Deu certo, felizmente!
Deu certo, felizmente.
18.3.24
A Vida
Mas você parece que não anda ganhando muito, nem perdendo muito.
Nenhuma derrota acachapante, e nenhuma vitória inesquecível.
Nenhum ato grandioso, nenhum espetáculo...
Nenhuma desgraça horrorosa, mas também nenhuma paixão infinita.
Nenhuma queda profunda, nenhum salto mortal.
Nem pra cima, nem pra baixo.
Nada!
Nem escuridão, nem brilho, nem glória, nem tragédia.
Assim — a tua vida.
Segura, pacata, certinha, e normal.
Tudo em ordem, tudo estável e bem comportado.
Tudo em brancas nuvens.
Tudo meio morno, meio tépido, meio frouxo, meio mole.
Meio apagado.
Meio cinzento e meio sem graça.
Assim — a tua morte.
17.3.24
Shinese Class
15.3.24
E se teus Amores fossem eternos
Se meu amor por Marina (aos sete anos) fosse eterno, eu estaria com ela ainda hoje — e não teria estado com Sandra aos doze e nem teria conhecido Suzana, que é uma deusa inesquecível. Se eu tivesse ficado com Suzana para sempre, não teria conhecido Patrícia, nem Vera, nem Alessandra, nem Janaína, nem Carol, nem Beatriz, nem outras mil. Se eu tivesse sido exclusivo de Vera ou Janaína, não teria me apaixonado por Joyce Ann — que ainda é a musa número um. Mas se eu ficasse apenas com Joyce, não teria conhecido a morena maravilhosa de ontem à noite.
13.3.24
Meu comercial
11.3.24
Se eu pudesse
Isto é fatal.
Mas,
se eu pudesse começar de novo,
tomaria certos cuidados que nem sempre tomei:
Jamais teria permitido que me prendessem,
ainda que em nome do amor.
Teria quebrado as correntes logo no início.
Teria tido menos pressa
e mais coragem.
E nenhum sentimento de culpa.
Daria valor secundário
a todas as coisas secundárias,
e consideraria secundário tudo aquilo
que não tivesse o efetivo poder de causar
mudanças significativas no rumo
da minha vida.
Todas as manhãs começariam
com meditação, orgasmo e frutas leves.
Se pudesse começar de novo,
dançaria muito mais
do que dancei,
e brincaria muito mais do que brinquei.
Minha Vida seria uma festa...
Se pudesse mesmo começar de novo,
seria mais espontâneo.
Seria mais ousado:
A ousadia move o mundo.
Desobedeceria
todas as regras injustas,
e afastaria os preconceitos e a hipocrisia.
Procuraria respeitar sempre
o Deus de cada um.
Teria viajado muito mais do que viajei.
Correria mais riscos.
E teria tido seis milhões de amores profundos...
Se eu pudesse começar outra vez,
iria aprender com os erros dos outros,
e com os acertos também.
Andaria mais leve:
não levaria comigo nada que fosse
apenas um fardo.
Não teria desperdiçado tanta vida
e tanto tempo.
Não teria tentado salvar todo mundo.
Amaria muito mais a liberdade.
Viveria cada minuto
como se Deus
derramasse flores e estrelas na minha cabeça.
Tentaria uma coisa nova
todos os dias.
Em tudo que fizesse colocaria
mais Poesia,
mais Amor, mais Alegria.
E teria feito a opção de ser feliz
muito mais cedo
do que fiz.
Edson Marques
Manual da Separação
página 71
Deu certo.
Esse poema, portanto, não foi feito para mim, pois a a maior parte do que ali se diz eu já faço desde que me conheço por gente. Cometi alguns erros, é claro. Liguei-me quatro ou cinco vezes a pessoas ciumentas, e sofri por manter tais relações por períodos demasiado longos (no total dessas relações, perdi uns três ou quatro anos de vida). Por descuido, também tomei algumas decisões equivocadas, em outras áreas, mas tudo se resolveu a seu tempo. O que lamento mesmo, e lamentarei até o fim dos meus dias, é ter perdido aqueles quase três ou quatro anos com pessoas muito ciumentas. Esse tempo é irrecuperável. Houve também alguns jacarés nos quais depositei confiança e saquei mordidas — mas essa é outra história...
9.3.24
Decisão Original
Às vezes, como nesta madrugada de sábado e bem no meio de uma dose de absinto, temos que tomar duas cervejas:
uma Original e uma Decisão.
8.3.24
Dia das Mulheres
Não me bastam os cinco sentidos para perceber-lhes toda a beleza. Não me bastam os cinco sentidos para viver com totalidade o mistério profundo que elas trazem consigo. Eu tenho é que tocá-las, cheirá-las, acariciá-las, penetrar-lhes o sorriso, sentir o seu perfume, beijar-lhes o céu da boca, ouvir suas histórias, transformá-las em deusas. Tenho que dar-lhes o amor que o meu corpo conduz e sustenta-me a alma. O belo amor natural por todas as coisas do mundo. Como espelho de paixões em labareda, tenho que sentir nos seus olhos um raro brilho diamante.